sexta-feira, 16 de julho de 2010

A MÍDIA TELEVISIVA/VÍDEO NA ESCOLA

Adriana Lourenço


Desde os tempos primordiais, o homem teve o desejo de registrar imagens. Isso pode ser verificado por meio de estudos históricos, que revelam gravuras e desenhos de animais e pessoas em cavernas e pedras. Embora bastante rudimentares essas ações trazem a origem de uma importante descoberta para a humanidade: a descoberta de que é possível guardar e criar reproduções da vida cotidiana.

Movido pelo desejo do novo e dos desafios, o homem percorreu o caminho do progresso, das descobertas e, em 1826, com Nicéphore Niépce conseguiu produzir uma imagem que deu bases para o desenvolvimento da televisão que conhecemos hoje. Posteriormente, em 1873, com o descobrimento do selênio, o homem passou a transmitir imagens televisivas, dando início a uma nova era no registro de imagens.

Podemos entender a palavra televisão com o significado de “visão a distância”. Atualmente, esse recurso, que está totalmente popularizado, modificou não só a história das imagens, mas também a natureza da própria sociedade, que hoje precisa discutir seus usos, efeitos e possíveis intervenções.

É certo que a mídia televisiva desempenha um papel importante na socialização do ser humano, influenciando o modo de vestir, falar, pensar, além de comportamentos e valores. Atua como referencial para jovens, crianças e adultos quanto à forma de ser e de agir.

A integração da mídia na escola pode ser realizada em dois níveis: como recurso de ensino e como objeto de estudo. Como recurso de ensino o vídeo como a TV, também trazem grandes contribuições para o ensino. Existe uma gama de variedades de programas de vídeo que podem ser utilizado na escola como: desenhos animados, vídeos da Internet, comerciais, programas como TV Escola, propagandas, informativos, produções realizadas pelos alunos e outros.

Devemos ter alguns cuidados com a utilização antes de usar esse recurso. Para sua utilização devemos levar em conta o planejamento do professor, priorizando os objetivos a serem desenvolvidos durante a sua aula, a fim de efetivar a aprendizagem.

A utilização do vídeo exige prioritariamente uma checagem inicial dos aspectos técnicos (qualidade do material, qualquer que seja, duração, cor, som, imagem) e pedagógicos (aspectos mais importantes, cenas, adequação à faixa etária, linguagem, assunto, outros).

Além desses cuidados citados anteriormente, outros mais precisam ser considerados na utilização do vídeo em sala de aula. Formas inadequadas podem causar transtornos e descaracterizar seu uso, comprometendo o trabalho do professor.

Moran (1995) aponta algumas formas inadequadas de uso: vídeo-tapa-buraco, vídeo-enrolação, vídeo deslumbramento, vídeo perfeição, só vídeo. Proposta correta de utilização: sensibilização, ilustração, simulação, conteúdo de ensino de dinâmicas de análise do vídeo em sala de aula – leitura em conjunto, leitura globalizante, leitura concentrada e leitura funcional.

Tanto o vídeo como a mídia televisiva, se bem empregado pelo professor, enriquecem a aula e o ambiente escolar e proporcionam uma aprendizagem mais significativa, considerando que “somos tocados pela comunicação televisa sensorial, emocional e racionalmente” (FIORENTINI; CARNEIRO, 2001, p.25).

Na televisão e através do vídeo, há combinação e superposição de várias linguagens – imagens, músicas, escritas, que facilitam a interação, uma vez que sua linguagem estimula a emoção, os desejos, as fantasias, e a percepção através dos sentidos. Isso porque as imagens visuais e auditivas são experiências sensoriais. O que os olhos vêem, os ouvidos ouvem, o cérebro registra. Através desses meios áudios-visuais, viaja-se entre o real e o imaginário, uma hora somos espectadores outras horas atores, transpomos o tempo e o espaço, penetramos em lugares nunca percorridos ou desejados. Enfim nos deixamos levar pelas diversas sensações produzidas por todos esses aspectos. A contribuição que o vídeo e a televisão podem trazer á escola é enorme, mas não são as únicas mídias que possibilitam a interatividade e envolvem o aluno, tocando a afetividade e a emoção.

Esses meios também devem ser considerados como meios favoráveis para democratização do conhecimento e da cultura, para melhorar e acrescer no que tange os sentidos e não como uma forma de “roubar o tempo”, que despontam discussões em virtude do conteúdo transmitido e que propicia embate negativo, principalmente sobre os alunos.

Televisão e vídeo combinam a dimensão espacial com a sinestésica, ritmos rápidos e lentos, narrativas de impacto e de relaxamento. Combinam a comunicação sensorial com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. A integração começa pelo sensorial, o emocional e o intuitivo, para atingir posteriormente o racional. Exploram o voyerismo, e mostram até a exaustão planos, ângulos, replay de determinadas cenas, situações, pessoas, grupos, enquanto ignoram a maior parte do que acontece no cotidiano. Mostra à exceção, o inusitado, o chocante, o horripilante, mas também o terno – um bebê desamparado, por exemplo. Destacam os que detêm atualmente algum poder – político, econômico ou de identificação/projeção: artistas, modelos, ídolos esportivos. Quando o perdem, desaparecem da tela (MORAN, 2008).

Nesse sentido a escola tem um papel de suma importância na utilização do vídeo. É seu papel alfabetizar visualmente os alunos, ensinando-os a ler o vídeo e saber utilizá-lo ao seu favor.

Se soubermos utilizar de forma adequada o vídeo na escola, esse recurso certamente irá auxiliar da mudança da postura do ser e do agir do aluno diante do mundo, levando as pessoas a refletir, analisar e agir em relação a sua própria vida, aos seus semelhantes, e as diversas situações da vida cotidiana.

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