Há muito tempo, quando os cães ainda não tinham sido domesticados pelo homem, viviam organizados em dois países. Cada país tinha um chefe e cada chefe gabava-se de ser mais poderoso que o outro.
Um desses chefes quis um dia casar com a irmã do outro. Mas, como eles estavam sempre zangados, o outro respondeu:
- Não. Não quero que sejas o marido da minha irmã.
O chefe que queria casar ficou furioso, porque gostava muito da irmã do outro chefe. Por isso mandou um dos seus servidores à terra do outro para lhe dizer:
- Se me recusas a tua irmã eu vou aí com o meu exército e destruo tudo.
Quando o servidor se preparava para partir, os conselheiros do chefe viram que ele estava todo sujo. Não tinha lavado a cara e tinha a cauda muito suja.
Ora era costume naqueles países uma pessoa ir limpa e bem apresentada quando ia à terra dos pais da noiva pedir-lhes a filha em casamento. Por isso perguntaram-lhe:
- Como se compreende que não te tenhas lavado?
Ele ficou muito envergonhado e os conselheiros encarregaram outros servidores de o lavarem muito bem e de lhe deitarem perfume na cauda para que ele cheirasse bem.
Quando o mensageiro ia pelo caminho, sentia-se muito vaidoso por ir tão limpo e com a cauda perfumada. Por isso esqueceu-se do que ia fazer. Começou a procurar uma esposa para ele próprio e desapareceu sem cumprir a sua tarefa até hoje.
É por isso que, desde essa altura, os cães andam todos sempre muito ocupados a cheirar a cauda uns dos outros para ver se encontram o mensageiro que desapareceu.
in: Contos Moçambicanos
INLD - 1979
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